VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO: REVISTA MELHORES PRÁTICAS EM SAÚDE

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ANO: 2014

  1. Quem deve realizar a limpeza e desinfeção das superfícies da unidade (ou zona) do paciente?

R. Durante o período de internação, a limpeza (e desinfecção) concorrente das superfícies próximas ao paciente (unidade ou zona do paciente), preferencialmente, devem ser realizada pela enfermagem.

Já, a limpeza terminal, que corre após a alta, todas as superfícies do quarto devem ser executadas pela equipe de limpeza.

A zona do paciente compreende superfícies muito próximas ao paciente (grades da cama, colchões, chamadas de enfermagem, equipamentos, painel de gases etc.), e, portanto, envolve riscos quando a limpeza é realizada pelo trabalhador da limpeza.

Afinal, quem irá se responsabilizar por um cateter, equipo ou dreno desconectado ou repuxado? Ou por uma bomba de infusão desligada ou acionada indevidamente, mesmo que de forma acidental?

Poderia a equipe de limpeza ser responsabilizada?

A resposta é não, pois a equipe não é capacitada para manipular materiais ou equipamentos relacionados à assistência à saúde!

Claro que os colaboradores poderiam ser devidamente treinados para realizar a limpeza e desinfecção sem esbarrar, encostar ou manipular qualquer tipo de dispositivo, entretanto, sabemos que na prática não podemos confiar cegamente que estas recomendações sejam seguidas fielmente.

Primeiro, porque raramente contamos com líderes presentes durante a execução de limpezas concorrentes e segundo porque a rotatividade neste segmento é alarmante e o risco da limpeza concorrente ser realizada por um colaborador recém-admitido e  pior, sem treinamento, infelizmente é alto! Portanto, não vale a pena correr este risco.

Por outro lado, se em sua instituição não existe a possibilidade destas situações adversas ocorrerem e vocês confiem plenamente que nenhum incidente venha a ocorrer, a limpeza destas superfícies poderiam ser executadas pela equipe de limpeza.

  1. Quais as principais medidas de controle para a redução da contaminação em superfície do ambiente?

R. Higiene das mãos antes e após cada procedimento; utilização adequada de luvas tanto pela equipe de limpeza, como pela equipe de enfermagem; remoção rápida seguida de limpeza e desinfecção das superfícies com presença de matéria orgânica; limpeza e desinfecção das superfícies com alta frequência de toques: superfícies próximas ao paciente (grades do leito, controles de TV, chamadas de enfermagem, equipamentos, painel de controle etc.), interruptores de luz, maçanetas, válvula de descarga etc.

Cabe ressaltar que nenhuma destas medidas é efetiva individualmente, fazem parte de um conjunto de medidas de prevenção e controle das infecções, que necessitam de educação permanente, ou seja, treinamento constante.

Além disto, é fundamental o monitoramento das superfícies limpas e/ou desinfetadas para validar a limpeza através de métodos como ATP, marcadores fluorescentes, checklist, dentre outros.

  1. Em suas atividades de consultoria, há iniciativas que a senhora presenciou e que mereceriam ser destacadas no incentivo e educação de colaboradores para lavagem de mãos?

R. Sim, deviso a importância da higiene das mãos para a prevenção e controle das infecções, as iniciativas têm sido cada vez mais criativas e lúdicas, como por exemplo: vídeos, teatros, campanhas institucionais periódicas com abordagem teórica, prática, escolha da melhor frase sobre a importância da higiene das mãos; distribuições de cartilhas ilustrativas (tipo gibis).

Embora todas estas iniciativas resultem em maior adesão à higiene das mãos temporáriamente, a meu ver nada conscientiza mais do que a realização de um estudo institucional, com feedback ao colaborador envolvido, pois uma coisa é você ser treinado, ouvir o que deve ser feito e ser esclarecido sobre a importância e outra é o colaborador tomar conhecimento do que ele e seus parceiros de trabalho têm feito de certo e errado, qual a adesão em sua instituição, qual o consumo esperado do álcool gel e qual o real.

Estratégias como Positive Deviance (ou desvio positivo) sem dúvida têm apresentado bons resultados. A abordagem é feita em etapas: convite a um grupo de pessoas da instituição para enfrentar um determinado problema (p. ex. Baixa adesão à Higiene das mãos), a definição do problema propriamente dito por este grupo; identificação das práticas e crenças que levam ao problema, assim como os fatores de sucesso que levam à solução do mesmo e por fim, a definição de estratégias com monitoramento e avaliação posterior.

Talvez o sucesso desta abordagem se deva ao fato de que as opiniões do grupo são levadas em conta, ou seja, o grupo participa da elaboração das estratégias e tomada de decisões, passando de mero coadjuvantes a protagonistas de mudanças.

  1. Qual a atual taxa média de rotatividade de um funcionário de higiene e limpeza? É considerada alta? Essa taxa é igual para todas as regiões do Brasil?

R. Embora a remuneração neste segmento tenha crescido acima da inflação, a rotatividade do funcionário do setor (não só serviços de saúde) entre 2006 e 2008 foi em torno de 40% ao ano.

  1. Quais as principais causas de afastamento?

R. A principal causa é a mudança do perfil da antiga classe C. Muitos trabalhadores que migraram para a nova classe C buscam remuneração maior que o segmento da limpeza pode proporcionar e daí partem para outro ramo de atividades.

  1. Em seu livro, a senhora reforça a importância da capacitação do funcionário. Como garantir o aprendizado contínuo em uma categoria profissional com alta taxa de rotatividade no emprego?

R. É muito difícil, aliás, em minha opinião este é o maior desafio neste segmento. Encontros com frequência pessoas responsáveis por capacitar colaboradores, os quais reclamam de exaustão e desmotivação de tanto treinar.

É obvio que quem assume esta responsabilidade deve ter aptidão para isto, mas absolutamente ninguém gosta de treinar diariamente pessoas novas, sabendo que no mês seguinte estas pessoas já não pertencerão ao quadro de funcionários da instituição. É um trabalho sem retorno, por este motivo desgastante!

Além disto, o capacitador fica sem tempo para pesquisa, planejamento e aprimoramento em sua área, o que é altamente desmotivador.

Pior ainda é a situação de quem além de treinar, tem outras atividades a serem cumpridas, em muitos casos esta pessoa acaba não fazendo bem nenhuma das duas atividades.

A meu ver as empresas deveriam se unir e investir em um centro de capacitação contínua. Ou seja, um ramo voltado exclusivamente para treinamento teórico e prático.

Como para a maioria das empresas a criação de um departamento exclusivo para a educação continuada é dispendioso e inviável, daí a idéia de unir valores, conhecimentos e recurso em pró a uma causa comum e difícil. Certamente a viabilidade financeira será melhor avaliada pelos gestores.

Um exemplo seria a criação de um centro de excelência na formação de profissionais de limpeza para diferentes ramos: alimentação, serviços de saúde, pós obra, residencial, limpeza urbana, shoppings e bancos etc.

Neste caso, cada empresa contribuinte recorreria a este centro com a certeza de encontrar profissionais qualificados quando houvesse necessidade de contratação.

Isto não quer dizer que resolva o problema da evasão da mão de obra, mas aliviaria a tensão da falta de tempo, motivação e até competência técnica para treinar.

  1. Qual o tempo médio necessário para aprendizagem de um indivíduo sem experiência prévia no segmento de saúde até o desempenho adequado da função, conhecendo os fatores de risco, segurança do paciente, etc.?

R. O que vou colocar é mais focado na minha experiência em serviços de saúde, o que não quer dizer que expresse a realidade da maioria dos serviços próprios ou terceirizados.

Para mim, o tipo de treinamento que dá mais certo é aquele feito em etapas. Não adianta despejar tudo de uma vez para o funcionário, pois ele certamente não irá assimilar. O ideal é meio período por dia. Considerando o total de horas, acredito que para teoria (incluindo dinâmicas e exercícios em grupo) 12 horas divididas em 3 dias abrangeria os principais temas.

Já para a prática, prefiro não me posionar, pois depende de vários fatores: tecnologia disponível para os processos operacionais (equipamentos e materiais utilizados), empenho e disponibilidade institucional para fornecer infraestrutura básica para os treinamentos etc.

Estas 12 horas básicas para o treinamento teórico, não incluem a participação multiprofissional, o que é extremamente relevante! O funcionário tem que conhecer as várias interfaces do serviço, assim como, os profissionais que o representam. Alerto ao fato de que não basta apresentá-los, tais profissionais devem mostrar suas expectativas, o que esperam do serviço. É imprescindível que o colaborador da limpeza sinta-se acolhido, reconhecido e fazendo parte da equipe multiprofissional!

  1. De acordo com a NR-32, a capacitação da equipe de higiene é obrigatória e deve ser documentada. A quem cabe esta responsabilidade no caso de prestadores de serviços terceirizados, ao contratado ou contratante?

R. Segundo a NR32, a responsabilidade é solidária entre contratante e contratado, ou seja, pertence a todos!

Por exemplo, no caso de uma empresa de limpeza terceirizada, se a capacitação por algum motivo não for realizada, a responsabilidade não é só desta empresa, mas também do contratante, sendo assim, ambos são alvos de fiscalização.

  1. Em sua opinião, o que é mais eficiente e por que: estabelecer um rodízio dos colaboradores da higiene e limpeza entre as diversas áreas hospitalares, incluindo as chamadas de críticas, semi-críticas e não críticas ou especializar o colaborador em um mesmo setor?

R. Depende! Se pensarmos apenas em eficiência, teoricamente, a especialização do funcionário em um só setor seria ideal, pois cada vez conhecerá melhor seu setor e poderá desenvolver melhor suas atividades.

Embora a comparação que farei possa ser distante, existe lógica, por exemplo, supõe-se que uma enfermeira especializada em curativos fará um curativo melhor do que aquela que não é especializada. Porque isto ocorre? Não é só pela especialização, mas principalmente pela prática da repetição.

Por outro lado, supondo que o funcionário seja permanente em uma unidade, mesmo assim não estamos livres de problemas, pois a situação ideal é que haja um bom entrosamento e aceitação entre as partes, por exemplo, entre a enfermagem e o trabalhador da limpeza, o que nem sempre ocorre e dependendo do caso é necessário remanejar.

O problema é que a realidade atual não permite isto na maioria das instituições devido ao reduzido quadro operacional, sem contar faltas, folgas etc. e frequentemente temos que dispor do funcionário alocado na área X para ir para a Y quando necessário. Infelizmente isto é mais regra do que exceção.

  1. Qual o perfil socioeconômico, educacional, de gênero e etário do atual funcionário da higiene? É o mesmo perfil que encontrávamos há dez anos? Em caso negativo, o que mudou e o que teria motivado a mudança?

R. Mudou e muito! Com a mudança dos brasileiros de classe social, existem várias situações, a primeira é que muitos que pertencem ao serviço há algum tempo, estão se preparando para sair: estudando, muitos fazendo faculdade, tentando trabalhar por conta própria ou mudar completamente de ramo.

Na segunda situação, os serviços de saúde se sentem tão desfalcados de mão de obra que abrem mão do que no passado era condição essencial: primeiro grau ou apenas ser alfabetizado. Conclusão, muitas empresas têm rebaixado o nível de exigência e tentam driblar as carências dos novos contratados oferecendo oportunidades de escolarização, benefícios etc.

Outra situação é que estamos passando pelo mesmo movimento que os EUA vivenciaram há 20 anos, os quais passaram a contratar basicamente mão de obra de países mais pobres, como os latinos, por exemplo. Basicamente não se encontravam americanos trabalhando com limpeza, esta a situação permanece a mesma até hoje.

No BR não é diferente, quem ainda não contratou refugiados do Haiti, Bolovianos ou Peruanos? Só nos resta saber se esta situação se perpetuará, assim como nos EUA.

Não existem afirmações sobre nosso atual ou futuro perfil da classe de trabalhadores de limpeza, apenas tendências e hipóteses, mas tudo leva a crer que o atual panorama continue.

O que fazer? Abusar da criatividade e fazer mais com menos (o que é difícil!).

11. No capítulo em que trata do uso de carpetes, tapetes e mobiliários, a senhora comenta que nem sempre os aparatos estéticos “transportados” da realidade hoteleira para a hospitalar são adequados do ponto de vista de biossegurança e que é importante a comunicação entre as diferentes equipes – hotelaria, arquitetura e engenharia. Pergunto: Essa comunicação sistemática já é realidade nos hospitais brasileiros?

R. Para a maioria dos hospitais não! Mas como a tendência é que os hospitais busquem cada vez mais certificações de qualidade, provavelmente esta realidade pode mudar nos próximos anos.

  1. Falando sobre terceirização, quando o gestor deve optar por terceirizar o serviço de higiene e limpeza?

R. Prefiro responder quando o gestor não deve optar pela terceirização. Digo isto porque infelizmente grande parte dos serviços de saúde ainda não tem uma idéia clara da terceirização. Os terceirizados devem ser vistos como parceiros, mas na prática nem sempre é assim que funciona…

Presencio muitos gestores hospitalares querendo apenas se livrar de responsabilidades e cortar gastos o máximo possível e é nestes momentos que pensam em terceirizar. O grande problema é que NENHUMA empresa terceirizada poderá em sã consciência, se comprometer a reduzir drasticamente os valores do contrato e ao mesmo tempo prometer a preservação da qualidade do serviço.

Em minha opinião isto deve ficar muito claro antes de fechar o contrato, mas ressalto, não só no contrato! A empresa contratada deve expressar verbalmental o que poderá ser feito e também o que deixará de ser feito com o valor fixado! Não existem milagres!

O que ocorre é que o contratante no ímpeto de ver rapidamente custos menores e balanço positivo, não pensa nas consequências.

Neste caso as duas partes erram: contratante por pensar apenas em corte de despesas e contratado por não ser claro e por querer arrebatar aquele contrato a qualquer custo.

Sinto realmente quando vejo empresas idôneas, sem manchas anteriores no mercado, sendo crucificadas por terem desempenho ruim resultante de um contrato inadequado.

Geralmente o saldo negativo é para ambas as partes, mas o “boato” pode marcar indelevelmente a empresa terceirizada!

  1. Pensando em um organograma, como deve estar estruturado um serviço de higiene e limpeza eficiente?

R. Não existe um modelo único que sirva como exemplo, simplesmente porque em cada instituição existe um modelo gerencial diferente e é isto que vai determinar as matrizes.

O organograma também dependerá da diversidade de serviços oferecidos pela instituição.

  1. Em sua opinião, qual o modelo de escala de carga horária mais eficiente para o colaborador de higiene e limpeza e por quê?

R. Difícil de responder! Temos que confrontar o que é melhor para o serviço de saúde e o que é melhor para o colaborador de higiene para se chegar a um senso comum.

Sob o ponto de vista da instituição, o sistema 12×36 pode ser bom porque o colaborador pode dar continuidade às suas atividades com mais tranquilidade, às quais poderão ter um começo, meio e fim. Por outro lado, é notório o cansaço do colaborador. O esgotamento e a monotonia das atividades podem causar stress, desmotivação e aumentar o défict de atenção, fazendo com que os trabalhadores produzam menos, corra maior risco de acidentes e sejam afetados por problemas de saúde ocupacional e afastamentos com mais frequência.

Já sob o ponto de vista do trabalhador 12×36 é o mais solicitado, pois alegam gerenciar melhor suas atividades particulares nas 36 horas de folga. Será que é isso mesmo?? Negativo! Muitos irão trabalhar em outros estabelecimentos nas horas que deveriam ser de descanso e não raro, retornam esgotados de suas “folgas”.

Existem muitos outros fatores que não estão sendo considerados nesta resposta devido à complexidade do tema. Sugiro uma pesquisa na literatura sobre o tema.

  1. Qual o impacto da eficiência da Higiene e Limpeza na liberação do leito?

R. Dificilmente consegue-se uma limpeza terminal com excelência em 15 ou 30 minutos.

O paradoxo é que é exatamente isto que os hospitais querem: rapidez e eficiência.

Muitos colaboradores, que em um passado não tão distante, eram tidos como exemplares, que faziam o seu melhor, hoje driblam o tempo, deixando muita coisa a ser limpa para trás. A causa? A resposta é: cumprir a meta, ou melhor, cumprir o tempo reduzido imposto e não ser chamado atenção ou até mesmo para não sofrer bullying, sendo taxado de lerdo, obeso etc.

Ao final, estes mesmos funcionários estão exaustos por causa da corrida desenfreada contra o tempo e a limpeza é finalizada com qualidade duvidosa.

O mais espantoso é que cobram rapidez e nem sempre oferecem os materiais e equipamentos minimos necessários e não investem em tecnologia, utilizando pano de chão ou mops de baixa qualidade com fios que não enxugam.

  1. Quais os principais gargalos no processo que atrasam a liberação do leito pela equipe de higiene?

R. Ausência de investimento tecnológico em sistemas informatizados de gerenciamento de leitos (fluxo de controle e liberação de leitos on line); equipamentos de limpeza rudimentares; falta ou falha de comunicação entre as partes envolvidas; atraso do acompanhante para retirada do paciente com alta; funcionários em número insuficiente para realização de todas as limpezas terminais requeridas ao mesmo tempo; demora por parte da enfermagem para retirar dos quartos equipamentos e materiais relativos à assistência à saúde após a alta do paciente.

  1. Sobre a vigilância dos acidentes com perfurantes e cortantes, a senhora diz acreditar que o panorama de eventos tende a cair com a implementação da NR-32, que transfere a responsabilidade do descarte para que os utiliza. Desde a publicação e considerando que a senhora tem acesso a dados atualizados pergunto se sua expectativa inicial tem se cumprindo ou o que faltaria para reduzir eventos adversos desse tipo.

R. Nenhuma instituição deve ficar espantada se os acidentes aumentarem após rigorosa notificação devido a maior esclarecimento e conscientização dos trabalhadores. Isto se deve ao fato que quando ocorre subnotificação, os números caem, mas não porque diminuiram os acidentes.

Embora grande parte das instituições esteja se adequando em termos de responsabilidades do descarte de perfurocortantes, os acidentes com o pessoal da limpeza ainda são altos e noto que em muitos casos se deve à falta de treinamento.

Existe uma lacuna entre o período que em sai uma empresa terceirizada da instituição e entra outra. Neste período muitos acidentes ocorrem porque os responsáveis pela capacitação ainda “não tiveram tempo” de fazer o treinamento. O mesmo ocorre com os funcionários recém-admitidos, que enquanto não recebem treinamento, se acidentam.

Nestas duas situações a NR 32 não está sendo cumprida (o que é passível de notificação e multa), pois a capacitação quanto aos riscos deve ocorrer antes do início das atividades do trabalhador.

Silvana Torres